Pensamos sempre que estamos certos, mas será que já olhamos o mesmo assunto por outro ponto de vista? Outro lado? Outro prisma? Outra luz?
Ao tomarmos conhecimento de algo, seja um facto ou uma ideia, somamos isso a tudo o que já temos guardado na mente: sentimentos, crenças, cultura,conhecimento lógico... por isso tantas interpretações sobre uma mesma coisa.
Uma discussão, um desentendimento ou uma opinião, na maioria das vezes não tem uma única razão, dando vez à parcimônia na decisão, ou seja, o mais provável. Mas isso quando se trata de algo extremamente importante, como na biologia e nas decisões jurídicas. Nas infindáveis picuinhas do dia-a-dia isso dificilmente se aplica, então ficamos ad aeternum a bater na mesma tecla.
Por que então defendemos com unhas e dentes um posicionamento sabendo que existem outras razões tão ou mais prováveis que a nossa?
Cada um tem o seu ponto de vista.
As coisas não são como são,mas como se olham:se, quando observamos «A Ceia» de Leonardo, não nos disserem:«Que cara de traidor tem o quarto acomeçar da esquerda!»,ficaremos sem saber qual daqueles será o Judas.Mas,apenas nos digam que é o Judas,notamos que,de facto,ele tem cara de patife.
Se eu disser que a espada está vazia de bainha,pensarão que a bainha é que está vazia de espada e que,por conseguinte ,eu me expresso com um guarda florestal.Mas,se a mesma frase fosse dita por Cícero nas «Orações a Marcelo»,os pedantes explicariam que esta figura é uma hipálage e citavam-na como um belo exemplo de frase clássica.
Um cidadão qualquer que cometa um crime de incesto pratica um acto imundo; mas, se esse cidadão se chama Édipo,o seu acto passa ser um episódio mitológico,e Ésquilo faz dele uma tragédia; se se chama Loth,o seu nome é imortalizado na Biblia e as suas porcarias contadas em todas as linguas,em todas as escolas do mundo.
Ir para a cama com a mulher de outro,pode ser literário,teatral,romântico ou humoristico; mas,se disso se ocupa o Procurador da República,converte-se num crime previsto no artº tal e previsto no Código Penal.
É verdade,o macaco já chegou............
Fulgurante análise!...o que se perde na sua ausência...
ResponderEliminarA certo ponto deixei-me arrastar pelo "canto" do pensador...e "li-o" como uma peça musical...
em CADENZAS de BEETHOVEN...
As boas-vindas ao Don Macaco
Parece-me que o macaco sempre influencia alguma coisa... Coisas de Macaco"
ResponderEliminarGostei da sua dissertação e estou de acordo. Mas tb lhe pergunto:quem deixa o seu ponto de vista para aceitar o do outro? Ninguém claudica, por isso é qaue o "copo está meio cheio e meio vazio"...Sobre a sua análise acerca das fuguras históricas e bíblicas, é mesmo assim como "pinta" depende de quem olha e de quem interpreta...Nunca me esqueço da homilia de um padre jesuíta que afirmava sobre a sociedade da minha cidade:"Se o Zé Maria, ali da esquina que é sapateiro, se embededar, é um borrachão, sem pingo de vergonha. Mas se fôr o sr Dr. "Tal" (que até se embebeda com uisque...) Ah, como ele é engraçado, simpático e espirituoso!!!" Tema bem escolhido para se falar dele e nele. Não regressou só o macaco... o meu amigo Pott também! Por isso, um bj Graça
Olá Pott
ResponderEliminarBelo texto. É verdade, eu também estou sempre a ver o mundo sob os meus pontos de vista,
chamo-lhes muitas vezes "visão poética" .E Isso acaba por passar para as pessoas à nossa volta, fazemos comentários de coisas que as elas não conseguem ver, e logo mais,são elas que exercitam esse lado. Bem interessante! É uma percepção que se praticada sempre, faz-nos ficar mais criativos!!
Bjs
Regresso do Macaco em grande estilo.
ResponderEliminarEmbora o texto nos deixe a pensar se fala a sério ou se a brincar(o que é normal em ti),é sem dúvida interessante.
Longe estamos mal. Perto sentimos receio. O que nos resta?
Locais onde, a cada instante, sentimos a presença e a cada momento sofremos a ausência.
Espaços onde uns soltam gargalhadas e outros absorvem, em seco, a tristeza.
Abandonar o certo pelo incerto? Deixar o real por um sonho? Não o fazer? O destino cobrar-nos-à por isso.
Olhares reflectidos sobre este mar azul e com tanto para lhe dizer.
Mãos dadas. Sentimentos cruzados. Obsessão quase sem cura.
Partidas que se fazem. Chegadas que não surgem.
Até sempre.
Olá Pott
ResponderEliminarGostei do que escreveste.
Qualquer interpretação é tão boa quanto qualquer outra, uma vez que não há forma de saber de forma absoluta o que é a verdade, e, portanto, não há forma de dizer que uma intepretação é certa ou errada.
Bjs
Eduarda
A má notícia veio um dia destes no El País ... afinal amor não é "fogo que arde sem se ver", "ferida que doi e não se sente", "contentamento descontente", "dor que desatina sem doer", mas tão-só hormonas mais uns quantos processos evolutivos.
ResponderEliminarA quimica é o pior inimigo dos poetas.
Manuel António Pina, p/ Costume Antigo.
Cumprimentos ao Pott.
Olá Costume Antigo!
ResponderEliminarObrigado pelas suas visitas.Diga-me como chegou ao meu blogue.
Um grande abraço..
POTT
Só me faltava ter o meu amigo a fazer análises.
ResponderEliminarTive alguma esperança que desaparecesse de vez mais o raio do macaco.
Triste sina a nossa.
peço-lhe desculpas mas foi o macaco que insistiu em voltar..
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