segunda-feira, 3 de agosto de 2009

...as análises de POTT...



Pensamos sempre que estamos certos, mas será que já olhamos o mesmo assunto por outro ponto de vista? Outro lado? Outro prisma? Outra luz?
Ao tomarmos conhecimento de algo, seja um facto ou uma ideia, somamos isso a tudo o que já temos guardado na mente: sentimentos, crenças, cultura,conhecimento lógico... por isso tantas interpretações sobre uma mesma coisa.
Uma discussão, um desentendimento ou uma opinião, na maioria das vezes não tem uma única razão, dando vez à parcimônia na decisão, ou seja, o mais provável. Mas isso quando se trata de algo extremamente importante, como na biologia e nas decisões jurídicas. Nas infindáveis picuinhas do dia-a-dia isso dificilmente se aplica, então ficamos ad aeternum a bater na mesma tecla.
Por que então defendemos com unhas e dentes um posicionamento sabendo que existem outras razões tão ou mais prováveis que a nossa?
Cada um tem o seu ponto de vista.
As coisas não são como são,mas como se olham:se, quando observamos «A Ceia» de Leonardo, não nos disserem:«Que cara de traidor tem o quarto acomeçar da esquerda!»,ficaremos sem saber qual daqueles será o Judas.Mas,apenas nos digam que é o Judas,notamos que,de facto,ele tem cara de patife.
Se eu disser que a espada está vazia de bainha,pensarão que a bainha é que está vazia de espada e que,por conseguinte ,eu me expresso com um guarda florestal.Mas,se a mesma frase fosse dita por Cícero nas «Orações a Marcelo»,os pedantes explicariam que esta figura é uma hipálage e citavam-na como um belo exemplo de frase clássica.
Um cidadão qualquer que cometa um crime de incesto pratica um acto imundo; mas, se esse cidadão se chama Édipo,o seu acto passa ser um episódio mitológico,e Ésquilo faz dele uma tragédia; se se chama Loth,o seu nome é imortalizado na Biblia e as suas porcarias contadas em todas as linguas,em todas as escolas do mundo.
Ir para a cama com a mulher de outro,pode ser literário,teatral,romântico ou humoristico; mas,se disso se ocupa o Procurador da República,converte-se num crime previsto no artº tal e previsto no Código Penal.

É verdade,o macaco já chegou............

9 comentários:

  1. Fulgurante análise!...o que se perde na sua ausência...

    A certo ponto deixei-me arrastar pelo "canto" do pensador...e "li-o" como uma peça musical...
    em CADENZAS de BEETHOVEN...

    As boas-vindas ao Don Macaco

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  2. Parece-me que o macaco sempre influencia alguma coisa... Coisas de Macaco"
    Gostei da sua dissertação e estou de acordo. Mas tb lhe pergunto:quem deixa o seu ponto de vista para aceitar o do outro? Ninguém claudica, por isso é qaue o "copo está meio cheio e meio vazio"...Sobre a sua análise acerca das fuguras históricas e bíblicas, é mesmo assim como "pinta" depende de quem olha e de quem interpreta...Nunca me esqueço da homilia de um padre jesuíta que afirmava sobre a sociedade da minha cidade:"Se o Zé Maria, ali da esquina que é sapateiro, se embededar, é um borrachão, sem pingo de vergonha. Mas se fôr o sr Dr. "Tal" (que até se embebeda com uisque...) Ah, como ele é engraçado, simpático e espirituoso!!!" Tema bem escolhido para se falar dele e nele. Não regressou só o macaco... o meu amigo Pott também! Por isso, um bj Graça

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  3. Olá Pott

    Belo texto. É verdade, eu também estou sempre a ver o mundo sob os meus pontos de vista,
    chamo-lhes muitas vezes "visão poética" .E Isso acaba por passar para as pessoas à nossa volta, fazemos comentários de coisas que as elas não conseguem ver, e logo mais,são elas que exercitam esse lado. Bem interessante! É uma percepção que se praticada sempre, faz-nos ficar mais criativos!!

    Bjs

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  4. Regresso do Macaco em grande estilo.
    Embora o texto nos deixe a pensar se fala a sério ou se a brincar(o que é normal em ti),é sem dúvida interessante.
    Longe estamos mal. Perto sentimos receio. O que nos resta?
    Locais onde, a cada instante, sentimos a presença e a cada momento sofremos a ausência.
    Espaços onde uns soltam gargalhadas e outros absorvem, em seco, a tristeza.
    Abandonar o certo pelo incerto? Deixar o real por um sonho? Não o fazer? O destino cobrar-nos-à por isso.
    Olhares reflectidos sobre este mar azul e com tanto para lhe dizer.
    Mãos dadas. Sentimentos cruzados. Obsessão quase sem cura.
    Partidas que se fazem. Chegadas que não surgem.

    Até sempre.

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  5. Olá Pott

    Gostei do que escreveste.
    Qualquer interpretação é tão boa quanto qualquer outra, uma vez que não há forma de saber de forma absoluta o que é a verdade, e, portanto, não há forma de dizer que uma intepretação é certa ou errada.

    Bjs
    Eduarda

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  6. A má notícia veio um dia destes no El País ... afinal amor não é "fogo que arde sem se ver", "ferida que doi e não se sente", "contentamento descontente", "dor que desatina sem doer", mas tão-só hormonas mais uns quantos processos evolutivos.
    A quimica é o pior inimigo dos poetas.

    Manuel António Pina, p/ Costume Antigo.
    Cumprimentos ao Pott.

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  7. Olá Costume Antigo!
    Obrigado pelas suas visitas.Diga-me como chegou ao meu blogue.
    Um grande abraço..

    POTT

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  8. Só me faltava ter o meu amigo a fazer análises.
    Tive alguma esperança que desaparecesse de vez mais o raio do macaco.
    Triste sina a nossa.

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  9. peço-lhe desculpas mas foi o macaco que insistiu em voltar..

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